segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

As contradições diárias sobre a educação especial que tenta ser educação inclusiva




Existem diariamente diversas discussões sobre a educação inclusiva, mais não temos ainda esta modalidade de educação acontecendo em nosso país. O que é comum ver ainda, é a educação especial, ou seja, no que se refere a matricula de pessoas com necessidades educativas especiais, na escola regular.
Os decretos e as leis são bem claros e convincentes, mais o dia-a-dia, não é tão agradável, pois as contradições e distorções são concomitantes.
Será que as pessoas com NEE escolheriam a educação inclusiva ou preferiria continuar num espaço homogêneo?
Estes espaços homogêneos poderia ser uma escola especial, que oferece profissionais, recursos e espaços propícios, que contribui com o avanço destes alunos, mais tem a ausência de outros personagens sem deficiência, o que se difere, das escolas com diferentes pessoas e singularidades, que convive todos, mais não disponibiliza profissionais capacitadissimos, recursos e espaços acessíveis, para as pessoas com NEE.
Quando acompanhamos o dia-a-dia escolar dos alunos, a gente dá de cara, com princípios e critérios, que se dizem inclusiva, mais no final, são seletivos, classificatórios e subestimáveis um exemplo, é o processo avaliativo, se analisado bem, em momento algum, contempla o aluno com NEE, pois muitas vezes, os critérios focam mais, a escrita e a leitura.
E o que dizer, de um aluno (a),que demonstrou avanços significativos,ler silabicamente,faz leitura de imagens,tem um bom raciocínio,entre outros,mais não aprendeu a ler fluente?
A educação junto dos seus fazedores de educação é claro, que existem exceções, fixam o olhar no aluno, somente no que ele escreve e ler, e deixo a passar despercebidas, habilidades que poderiam ser usadas, para superar dificuldades, no processo de aprendizagem, que não, é só aprender a ler e a escrever.
Retorno a questão da educação das pessoas com NEE,será que já foi feito uma avaliação,se realmente houve avanços na educação destas pessoas?não estou sendo pessimista,mais sim,reflexiva e realista,pois o dia-a-dia,está mostrando outras situações,que não,está sendo muito boas,pois não existe um critério claro no nosso país,para avaliar os alunos com NEE,existe muitas discussões,leituras que comentam,mais não determina.
Enquanto, não houver critérios avaliativos determinados, vamos ter alunos avançando, mais retidos, porque não sabe ler fluente ou porque não sabe calcular, e tantas e outras situações, que a gente só ver melhor, em todo final de ano. E o pior, os responsáveis por progredir ou reter, não sabe dar explicações, do porque, pois a resposta já é automática, O aluno não sabe ler, escrever, calcular... Então, como vai ser este aluno sempre vai ser retido?Ele (a) não aprendeu nada o ano todo?


Produzido por Fábia R.Lopes

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O olho humano- Deficiências




AMETROPIAS 
Nossos olhos são como uma câmara fotográfica. Ambos têm uma abertura para a passagem de luz, uma lente e um anteparo onde a imagem é recebida e registrada. Simplificando, vamos considerar possuindo uma única lente convergente biconvexa (meios transparentes, mais o cristalino) situada a 5 mm da córnea e a 15 mm da retina. Quando os raios de luz provenientes de um objeto (ver figura abaixo) atravessam essa lente, forma uma imagem real e invertida localizada exatamente sobre a retina para que ela seja nítida. A retina transmite as informações ao cérebro, através do nervo ótico, que processa uma inversão da imagem fazendo com que nós vejamos o objeto na sua posição normal. É assim que enxergamos. Todo olho que tem visão normal é dito EMÉTROPE; quando não tem visão normal, possui AMETROPIA.
a) No olho normal a imagem se forma sobre a retina.
b) Esquema da formação da imagem em um olho reduzido.
Toda deficiência de visão corrigida com lentes é chamada de “ametropia”.Os defeitos de refração se devem a fatores hereditários e de desenvolvimento, sobre os quais não se tem controle.Da mesma forma como se herda cor dos olhos se herda a forma em que a córnea, o cristalino e a retina trabalham juntas para obter uma visão clara. Se a córnea não é redonda, é muito curva ou muito plana em relação ao tamanho do olho os raios luminosos, as imagens se focam adiante ou atrás da retina resultando no que se chama “defeito de refração” tais como a miopia, o astigmatismo ou hipermetropia.
Miopia 
É a impossibilidade da pessoa ver nitidamente objetos colocados à distância.
A miopia pode ser de dois tipos: de campo e ou de curva.
De campo é quando o olho é mais alongado; de curva é quando a córnea é muito acentuada.
A miopia não é uma doença e sim uma variação anatômica do olho.

      

Miopia com astigmatismo 
É quando um olho míope em que o encontro focal, antes da retina, ocorre em dois diferentes pontos. A miopia composta com astigmatismo é de duas miopias: uma em cada direção, cada uma delas com determinado valor.
É corrigida com lentes cujos meridianos principais são negativos, porém com valores diferentes.

EX:-3.00-1.00 180°
Casos Especiais: MIOPIA NOTURNA ou ESPACIAL
É uma miopia especial , onde o paciente geralmente trabalha em local com pouca iluminação ambiental , e com ausência de contrastes e pontos de fixação . Isto provoca em pessoas emétropes , uma acomodação excessiva m resposta a falta de estimulação acomodativa , produzindo miopias de até 1,50 Dpt.
PSEUDOMIOPIA ou FALSA MIOPIA 
Por motivos diversos , o sistema ocular pode , assim como na miopia noturna , apresentar um estado acomodativo excessivo , convergindo assim o foco da imagem para antes da retina , o que aparentemente seria uma miopia. Ao contrario da miopias , neste caso , a correção se faz com lentes positivas , suprimindo a acomodação do cristalino gradativamente até o seu funcionamento normal , e evidentemente o desaparecimento da falsa miopia.
Correção 
Para corrigir este defeito refrativo utiliza-se lentes negativas (divergentes). Desta forma , os raios são divergidos , levando o foco da imagem para trás , ou seja , exatamente na retina
Observações 
A causa real da miopia ainda hoje é muito discutida pelos pesquisadores em todo o mundo , porém algumas explicações formuladas para esta ametropia dizem em comum que pode trata-se de uma disfunção recebida por herança , por fatores hereditários ; e/ou por trabalho excessivo de visão próxima , ou seja , excessiva sobrecarga de acomodação.

Hipermetropia 
É o contrario da miopia. A impossibilidade da pessoa hipermétrope é maior para perto, mas atinge a visão de longe.Pode ser causada pela curva muito baixa da córnea ou do tamanho do olho ser pequeno no plano horizontal.O hipermétrope nem sempre enxerga mal para perto.

               


Astigmatismo Miópico (Simples)É a impossibilidade de se ver nitidamente em apenas um meridiano sendo a visão normal no meridiano oposto. O astigmatismo impede a visão nítida para longe e perto, mas as pessoas sentem mais falta de lentes corretoras dirigindo carro à noite, em cinema, televisão etc. Geralmente o astigmatismo é provocado pela curva vertical da córnea ser mais acentuada do que a curva horizontal. Isto faz com que as imagens sejam focalizadas antes da retina, apenas em um plano vertical sendo que no plano horizontal a focalização é na retina. Isto faz com que sejam necessárias correções com lentes negativas apenas no meridiano vertical e no horizontal seja a lente plana.
EX : 0.00-1.00 180° (a favor da regra) ou 90°(contra regra) ou em qualquer eixo.


Astigmatismo Hipermetrópico (Simples)É uma deficiência de visão que também ocorre em um dos meridianos. A contrário do astigmatismo miópico, a imagem, num plano, se focaliza atrás da retina e no outro se focaliza exatamente na retina. Ele é corrigido com lente plano-cilíndrica positiva.
OBS :nesse caso a correção se da na horizontal
EX: 0.00 +1.00 90°
Astigmatismo MistoQuando numa direção as imagens são focalizadas dentro do olho, antes da retina e na direção oposta são focalizadas atrás da retina está caracterizado o astigmatismo misto. Ele é misto porque precisa lentes corretoras que tenha um meridiano positivo e outro oposto, negativo, com cilíndrico sempre maior que o esférico
OBS : Nesse caso, o cliente é míope na direção vertical e hipermétrope na direção horizontal.
EX: +2.00-4.00 180°

Miopia composta com Astigmatismo
É corrigida com lentes cujos meridianos principais são negativos, porém com valores diferentes.
EX:-3.00-1.00 180°

Hipermetropia composta com Astigmatismo
É corrigida com lentes cujos meridianos principais são positivos, porém com valores diferentes.
OBS: focalização desigual, porém antes da retina.
EX:+1.00+2.00 90°
OBS: focalização se da atrás da retina, porem em planos diferentes.

Afácia
Também conhecida como Afaquia, é uma ametropia causada pela extração por meio de cirurgia, do cristalino. O cristalino é retirado cirurgicamente devido ao cliente ser portador de uma catarata que é uma doença que vai aos poucos opacificando o cristalino, tomando o cliente cego. Após a cirurgia, é feita a correção com óculos específico.
- Presbiopia (vista cansada): É a mais popular das ametropias, ou seja, a que maior número de óculos exige. A presbiopia chega a contribuir com 50% das pessoas que usam óculos. Ela ocorre na grande maioria das pessoas, geralmente após os 42 anos de idade. O cristalino começa a perder seu poder de acomodação para perto, a partir dos 30 anos.
Quando passa dos 40 anos (isto também depende da atividade da pessoa) começa a distanciar as pequenas letras para vê-las corretamente e quando o braço não mais consegue trazer a nitidez, está na hora de ir ao oculista. A presbiopia também é corrigida com lentes esféricas positivas ou convergentes, designadas pelo sinal (+). A presbiopia cresce tanto, até 65 anos, que chega a atingir a visão de longe. Assim um présbita começa corrigindo sua visão para perto e com o tempo necessita também grau positivo para longe, mesmo não tendo sido Hipermétrope na juventude. A progressão da presbiopia varia de acordo com a atividade da pessoa e da sua natureza.

EstrabismoTodo estrábico tem visão dupla. Geralmente o estrábico tem uma ametropia que causou o abandono de um dos olhos, fazendo com que a visão do olho abandonado fique atrofiada. Com a visão atrofiada o olho toma uma posição qualquer, saindo da posição normal. Quando o estrábico (até dois anos) tenta fundir as duas imagens e não consegue, abandona a visão em um dos olhos e daí surge o estrabismo. Entre os dois e três anos poderá ser recuperado pelo oftalmologista. Depois desta idade torna-se problemática sua recuperação. A recuperação estética poderá ser conseguida, mas visual é muito difícil. Em certas circunstâncias o estrabismo pode ser recuperado com lentes prismáticas.
O estrabismo latente é classificado em :
Esoforia – Olho desviado para dentro;
Exoforia – Olho desviado para fora;
Hiperforia – Olho desviado para cima;
Hipoforia – Olho desviado para baixo;
Cicloforia – Olho se desvia em torno de si.
 

O estrabismo aparente é classificado em: 
Esotropia – Olho desviado para dentro;
Exotropia – Olho desviado para fora;
Hipertropia – Olho desviado para cima;
Hipotropia – Olho desviado para baixo;
Ciclotropia – Olho se desvia em torno de si.
O estrabismo pode ser tratado através de exercícios de ortóptica e/ou com o auxílio de lentes especiais.
Catarata 
Constitui a opacificação do cristalino, acarretando graves problemas de visão; para qualquer tipo de catarata, o único tratamento realmente eficaz é a cirurgia.
A catarata pode ser: 
Congênita – Ataca a criança antes do nascimento;
Traumática – Derivada de acidentes;
Adquirida – Pode ser causada por traumatismos, perturbações endócrinas (metabólica) ou senilidade.
Glaucoma
É característica dos olhos acometidos de tensão elevada, que atinge 5% da população com cerca de 40 anos de idade. A tensão interna do olho aumenta devido à dificuldade de liberação do humor aquoso; líquido existente entre a córnea e o cristalino.
O glaucoma é classificado como: 
Simples – Decorre de um distúrbio fisiológico do sistema de escoamento do humor aquoso;
Agudo – Apresenta sintomas intensos e imediatos num olho sem antecedentes glaucomatosos;
Congênito – Se caracteriza pelo fechamento do ângulo irido-corneano e pelo aumento do volume do globo ocular;
Secundário – É decorrente de problemas patológicos que, se detectados a tempo, podem ser solucionados.
Ambliopias
São todos os problemas de visão que não podem ser compensados através de lentes comuns e constituem dois grupos distintos, vejamos:

Por problemas nos olhos – São os casos de perda de visão pelo cérebro devido a distúrbios como:
  • Estrabismo – Desequilíbrio na musculatura externa do olho;
  • Anisometropia – Diferença elevada de dioptria entre os olhos.(diferença de 3.00)
Por alterações Orgânicas – Causadas por infecções bacteriológicas ou substâncias tóxicas encontradas em alimentos e medicamentos.
Nistagmo
É caracterizado pelo descontrole neuromuscular do globo ocular podendo ser congênito ou adquirido.
Doenças da córnea – A córnea pode ser acometida de várias doenças, além de muito sensível a pequenos traumatismos; vejamos algumas destas moléstias:
  • Queratite – É a inflamação da córnea devido à ação de vírus, de bactérias ou de fungos;
  • Ceratocone – Caracteriza-se pelo enfraquecimento da córnea, fazendo com que a mesma assuma a forma de um cone devido à pressão do humor aquoso;
  • Pterígio – Proliferação fibrovascular da conjuntiva sobre a córnea.
  • Leucoma – Opacificação após trauma
  • Edema – Endotélio tem dificuldade de retirar liquido da córnea.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

EAD uma nova oportunidade de capacitação


Nesses últimos anos,a educação foi ampliando a sua proposta de ensino e aprendizagem,a partir das diferentes modalidades de ensino,que vem perpassando os diferentes meios de comunicação,seja uma carta,internet,impressões,livros,CDS,etc.
Estou falando sobre a EAD-uma modalidade que vem ganhando o mercado desde o século XIX.Considerada uma modalidade de ensino,que oportuniza às pessoas de aprender e construir conhecimento, através de diferentes recursos,no tempo e espaço escolhido pela pessoa,que poderá interagir com diferentes pessoas,a partir de e-mail,chats,msns,foruns de discursão,etc.
Fazer uma graduação ou qualquer outras formação via EAD,é ter consciência de que,você necessita organizar melhor o seu tempo,adotar uma disciplina bastante rigorosa,no que tange,realizar todas as suas atividades proposta,valorizar o seu tempo,bem como,ser pontual,responsável,pois fazer um curso EAD,o próprio aluno gerencia seu aprendizado,é claro,que este,é acompanhado por um professor formador e um tutor,o que desmitifica qualquer comentário,que diz,que não vale a pena fazer um curso a distância.
A minha experiência desde 2010,tem sido maravilhosa,pois eu aprendi muito,ressignifiquei a minha prática,que em cada curso,sofre modificações,na perspectiva de realizar o meu trabalho com qualidade.Além disso, venci os meus medos e tabus,acerca das novas tecnologias,pois aprendi a manusear melhor os bates papos,msn,criar e-mail,blogs,aprendi sobre conteúdos acerca das deficiência e Tecnologias da informação e comunicação acessíveis...
E agora,estou tendo a oportunidade de aprender mais sobre a DV a partir deste curso de professores uma parceria UNEB-BA e o MEC,que com certeza,vai contribuir e muito com a minha profissão e comigo mesmo,que em cada curso,como este,mudo a minha visão acerca de conteúdos,práticas e conhecimentos.


quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Como lidar com as pessoas com deficiência


DICAS DE RELACIONAMENTO
Apresentamos a seguir algumas orientações que as pessoas podem seguir nos seus contatos com as pessoas com deficiência. Não são regras, mas esclarecimentos resultantes da experiência de diferentes pessoas que atuam na área e que apontam para as especificidades dos diferentes tipos de deficiências.

Como chamar
  • Prefira usar o termo hoje mundialmente aceito: “pessoa com deficiência (física, auditiva, visual ou intelectual)”, em vez de “portador de deficiência”, “pessoa com necessidades especiais” ou “portador de necessidades especiais”;
  • Os termos ”cego” e “surdo” podem ser utilizados;
  • Jamais utilizar termos pejorativos ou depreciativos como “deficiente”, “aleijado”, “inválido”, “mongol”, “excepcional”, “retardado”, “incapaz”, “defeituoso” etc.

Pessoas com deficiência física
  • É importante perceber que para uma pessoa sentada é incômodo ficar olhando para cima por muito tempo. Portanto, ao conversar por mais tempo que alguns minutos com uma pessoa que usa cadeira de rodas, se for possível, lembre-se de sentar, para que você e ela fiquem com os olhos no mesmo nível.
  • A cadeira de rodas (assim como as bengalas e muletas) é parte do espaço corporal da pessoa, quase uma extensão do seu corpo. Apoiar-se na cadeira de rodas é tão desagradável como fazê-lo numa cadeira comum onde uma pessoa está sentada.
  • Ao empurrar uma pessoa em cadeira de rodas, faça-o com cuidado. Preste atenção para não bater naqueles que caminham à frente. Se parar para conversar com alguém, lembre-se de virar a cadeira de frente para que a pessoa também possa participar da conversa.
  • Mantenha as muletas ou bengalas sempre próximas à pessoa com deficiência.
  • Se achar que ela está em dificuldades, ofereça ajuda e, caso seja aceita, pergunte como deve proceder. As pessoas têm suas técnicas individuais para subir escadas, por exemplo, e, às vezes, uma tentativa de ajuda inadequada pode até atrapalhar. Outras vezes, o auxílio é essencial. Pergunte e saberá como agir e não se ofenda se a ajuda for recusada.
  • Se você presenciar um tombo de uma pessoa com deficiência, ofereça-se imediatamente para auxiliá-la. Mas nunca aja sem antes perguntar se e como deve ajudá-la.
  • Esteja atento para a existência de barreiras arquitetônicas quando for escolher uma casa, restaurante, teatro ou qualquer outro local que queira visitar com uma pessoa com deficiência física.
  • Não se acanhe em usar termos como “andar” e “correr”. As pessoas com deficiência física empregam naturalmente essas mesmas palavras.

Pessoas com deficiência visual
  • É bom saber que nem sempre as pessoas com deficiência visual precisam de ajuda. Se encontrar alguém que pareça estar em dificuldades, identifique-se, faça-a perceber que você está falando com ela e ofereça seu auxílio.
  • Nunca ajude sem perguntar como fazê-lo. Caso sua ajuda como guia seja aceita, coloque a mão da pessoa no seu cotovelo dobrado. Ela irá acompanhar o movimento do seu corpo enquanto você vai andando. Num corredor estreito, por onde só é possível passar uma pessoa, coloque o seu braço para trás, de modo que a pessoa cega possa continuar seguindo você.
  • É sempre bom avisar, antecipadamente, sobre a existência de degraus, pisos escorregadios, buracos e outros obstáculos durante o trajeto.
  • Ao explicar direções, seja o mais claro e específico possível; de preferência, indique as distâncias em metros (“uns vinte metros à nossa frente”, por exemplo). Quando for afastar-se, avise sempre.
  • Algumas pessoas, sem perceber, falam em tom de voz mais alto quando conversam com pessoas cegas. A menos que ela tenha, também, uma deficiência auditiva que justifique isso, não faz nenhum sentido gritar. Fale em tom de voz normal.
  • Não se deve brincar com um cão-guia, pois ele tem a responsabilidade de guiar o dono que não enxerga e não deve ser distraído dessa função.
  • As pessoas cegas ou com visão subnormal são como você, só que não enxergam. Trate-as com o mesmo respeito e consideração dispensados às demais pessoas. No convívio social ou profissional, não as exclua das atividades normais. Deixe que elas decidam como podem ou querem participar.
  • Fique à vontade para usar palavras como “veja” e “olhe”, pois as pessoas com deficiência visual as empregam com naturalidade.

Pessoas com paralisia cerebral
  • A paralisia cerebral é fruto da lesão cerebral, ocasionada antes, durante ou após o nascimento, causando desordem sobre os controles dos músculos do corpo. A pessoa com paralisia cerebral não é uma criança, nem é portador de doença grave ou contagiosa.
  • Trate a pessoa com paralisia cerebral com a mesma consideração e respeito que você usa com as demais pessoas.
  • Quando encontrar uma pessoa com paralisia cerebral, lembre-se que ela tem necessidades específicas, por causa de suas diferenças individuais, e pode ter dificuldades para andar, fazer movimentos involuntários com pernas e braços e apresentar expressões estranhas no rosto.
  • Não se intimide, trate-a com naturalidade e respeite o seu ritmo, porque em geral essas pessoas são mais lentas. Tenha paciência ao ouvi-la, pois a maioria tem dificuldade na fala. Há pessoas que confundem esta dificuldade e o ritmo lento com deficiência intelectual.

Pessoas com deficiência auditiva
  • Não é correto dizer que alguém é surdo-mudo. Muitas pessoas surdas não falam porque não aprenderam a falar. Algumas fazem a leitura labial, outras não.
  • Ao falar com uma pessoa surda, acene para ela ou toque levemente em seu braço, para que ela volte sua atenção para você. Posicione-se de frente para ela, deixando a boca visível de forma a possibilitar a leitura labial. Evite fazer gestos bruscos ou segurar objetos em frente à boca. Fale de maneira clara, pronunciando bem as palavras, mas sem exagero. Use a sua velocidade normal, a não ser que lhe peçam para falar mais devagar.
  • Ao falar com uma pessoa surda, procure não ficar contra a luz, e sim num lugar iluminado.
  • Seja expressivo, pois as pessoas surdas não podem ouvir mudanças sutis de tom de voz que indicam sentimentos de alegria, tristeza, sarcasmo ou seriedade, e as expressões faciais, os gestos e o movimento do seu corpo são excelentes indicações do que você quer dizer.
  • Enquanto estiver conversando, mantenha sempre contato visual. Se você desviar o olhar, a pessoa surda pode achar que a conversa terminou.
  • Nem sempre a pessoa surda tem uma boa dicção. Se tiver dificuldade para compreender o que ela está dizendo, não se acanhe em pedir para que repita. Geralmente, elas não se incomodam em repetir quantas vezes for preciso para que sejam entendidas. Se for necessário, comunique-se por meio de bilhetes. O importante é se comunicar.
  • Mesmo que pessoa surda esteja acompanhada de um intérprete, dirija-se a ela, e não ao intérprete.
  • Algumas pessoas surdas preferem a comunicação escrita, outras usam língua de sinais e outras ainda preferem códigos próprios. Estes métodos podem ser lentos, requerem paciência e concentração. Você pode tentar se comunicar usando perguntas cujas respostas sejam sim ou não. Se possível, ajude a pessoa surda a encontrar a palavra certa, de forma que ela não precise de tanto esforço para transmitir sua mensagem. Não fique ansioso, pois isso pode atrapalhar sua conversa.

Pessoas com deficiência intelectual
  • Você deve agir naturalmente ao dirigir-se a uma pessoa com deficiência intelectual.
  • Trate-a com respeito e consideração. Se for uma criança, trate-a como criança. Se for adolescente, trate-a como adolescente, e se for uma pessoa adulta, trate-a como tal.
  • Não a ignore. Cumprimente e despeça-se dela normalmente, como faria com qualquer pessoa.
  • Dê-lhe atenção, converse e verá como pode ser divertido. Seja natural, diga palavras amistosas.
  • Não superproteja a pessoa com deficiência intelectual. Deixe que ela faça ou tente fazer sozinha tudo o que puder. Ajude apenas quando for realmente necessário.
  • Não subestime sua inteligência. As pessoas com deficiência intelectual levam mais tempo para aprender, mas podem adquirir muitas habilidades intelectuais e sociais.


Fonte:
“O que as empresas podem fazer pela inclusão das pessoas com deficiência”
Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social
www.ethos.org.br

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O que as empresas podem fazer pela inclusão das pessoas com deficiências?


Benefícios que a inclusão traz para a empresa

As empresas têm uma grande capacidade de influir na transformação da sociedade. Mesmo as mudanças de caráter interno repercutem diretamente na vida dos funcionários, suas famílias e na comunidade com a qual a empresa se relaciona.
Além da motivação ética e da determinação legal, a empresa tem outro motivo relevante para adotar uma política inclusiva em relação à pessoa com deficiência: ela pode obter benefícios significativos com essa atitude.
Um dos ganhos mais importantes é o de imagem. O prestígio que a contratação de pessoas com deficiência traz às empresas está bastante evidente na pesquisa Responsabilidade Social das Empresas – Percepção do Consumidor Brasileiro, realizada anualmente no Brasil, desde 2000, pelo Instituto Ethos, jornal Valor e Indicator. Em 2000, 46% dos entrevistados declararam que a contratação de pessoas com deficiência está em primeiro lugar entre as atitudes que os estimulariam a comprar mais produtos de determinada empresa. Em 2001, essa continuou sendo a atitude mais destacada, com 43% dos consumidores entrevistados repetindo essa mesma resposta.
Também há ganhos no ambiente de trabalho. A empresa inclusiva reforça o espírito de equipe de seus funcionários, fortalecendo a sinergia em torno dos objetivos comuns e expressando seus valores coletivamente. O ambiente físico adequado atenua as deficiências e torna-se mais agradável para todos. Enfim, esses fatores humanizam mais o ambiente de trabalho.
Com um clima organizacional assim, também é possível obter ganhos de produtividade, se as pessoas com deficiência estiverem devidamente inseridas nas funções onde possam ter um bom desempenho. O diverso traz para a empresa a possibilidade de ver novas oportunidades no seu negócio, além de prepará-
la para demandas específicas de diferentes universos que incorpora.

Vantagens cumulativas:

1 - O desempenho e a produção das pessoas com deficiência, que muitas
vezes supera as expectativas do início do contrato.
2 - O desempenho da empresa que mantém empregados portadores de
deficiência em geral é impulsionada pelo clima organizacional positivo.
3 - Os ganhos de imagem tendem a fixar-se a longo prazo.
4 - Os impactos positivos de empregar pessoas com deficiência refletemse sobre a motivação dos outros funcionários.
5 - Os empregados portadores de deficiência ajudam a empresa a ter
acesso a um mercado significativo de consumidores com as mesmas características, seus familiares e amigos.
6 - O ambiente de trabalho fica mais humanizado, diminuindo a concorrência selvagem e estimulando a busca da competência profissional.

Os passos a serem dados dentro da empresa

A decisão de abrir postos de trabalho para pessoas com deficiência rompe as barreiras que tradicionalmente excluem essas mesmas pessoas do processo produtivo. A partir daí, três questões devem ser enfrentadas prioritariamente pelas empresas: em primeiro lugar, as dificuldades de compreensão e informação por parte de empregadores e empregados; em segundo, a inexperiência das pessoas da empresa em conviver com pessoas com deficiência; e, em terceiro, a precária educação e profissionalização da maioria delas.

Compromisso da direção

Qualquer medida tomada pela empresa para incluir entre seus funcionários pessoas com deficiência só será eficaz se houver um compromisso firme da direção com esse processo. Combater de forma explícita as manifestações de preconceito, interferir em todos os níveis de chefia, acompanhar a adaptação e, principalmente,demonstrar e exigir respeito para com os novos empregados são atitudes que, vindas dos altos escalões, expressam a determinação de que a empresa como um todo seja
inclusiva, e não somente o responsável pela área de Recursos Humanos.

Despertar o respeito à diferença

É comum que as pessoas tenham reações e comportamentos diferentes umas das outras frente a essa questão. A orientação da empresa deve prevalecer,mas é importante que todos possam se manifestar sem constrangimentos. Empresas especializadas em contratação e recolocação têm desenvolvido um tipo
de trabalho denominado “sensibilização de funcionários”, procurando estabelecer uma integração por meio de conversas em grupo, palestras e depoimentos de pessoas com deficiência que estão empregadas e de pessoas que conviveram.
A empresa que contrata deve ter um programa estruturado de recrutamento, seleção, contratação e desenvolvimento de pessoas com deficiência, e não apenas contratar formalmente para cumprir a lei. Embora a implementação de um programa abrangente possa parecer mais complicado, ele garante que os esforços dispendidos na contratação não sejam desperdiçados. Se o profissional portador de deficiência tiver atribuições claras e definidas, e receber treinamento adequado para desenvolvê-las, ele terá responsabilidades e será produtivo como os outros funcionários. Mais que mantê-lo no emprego, o estímulo pode revelar outras habilidades que permitam seu crescimento, sua atuação em outras funções e sua promoção. É um ganho tanto para o empregado quanto para o empregador,com pessoas com deficiência em outras situações de trabalho. A direção da empresa deve fazer parte desse processo, disseminando os parâmetros do respeito à diferença e da responsabilidade social. Despertar o espírito de equipe é fundamental para envolver coletivamente a empresa na ação pela inclusão.

Elaborar um programa amplo

Como contratar

Várias organizações e entidades fornecem consultorias auxiliando e orientando as empresas no processo de recrutamento e seleção. Em geral, sua atuação também inclui cursos de capacitação para as pessoas com deficiência, que são treinadas e encaminhadas para as funções mais adequadas a seus perfis profissionais. A estreita relação entre a empresa e essas entidades tem sido útil, pois, na maioria dos casos, é onde a pessoa com deficiência faz seu primeiro contato.
Essas associações estão aptas para avaliar seu potencial de aprendizagem e quais habilidades podem ser desenvolvidas. Elas se responsabilizam pela indicação,encaminhamento ou por eventual substituição de um profissional portador de deficiência. Não é uma tarefa fácil, já que, segundo estudo do antropólogo João Baptista Cintra Ribas, em cada cinco portadores de deficiência, quatro não estão devidamente qualificados para enfrentar o mercado de trabalho.
No processo de definição dos requisitos dos cargos em aberto na empresa, deve-se considerar a possibilidade de adaptá-los às capacidades que pessoas com deficiência possam ter para desempenhá-los. Dessa maneira, além das contratações dirigidas para pessoas com deficiência, qualquer processo de
contratação da empresa – seja para que cargo for – poderá selecionar um profissional com essa condição. Ampliam-se assim as possibilidades de trabalho para os profissionais com deficiência. Quando divulgar a existência de uma vaga, deixe aberta a possibilidade de o candidato solicitar, no processo de seleção, condições que estejam adequadas às suas características. Isto possibilitará, por exemplo, que uma pessoa com deficiência avise que necessita de sala de fácil acesso para realizar uma entrevista.

Derrubar barreiras ,Permanência, promoção e avaliação

A contratação é apenas uma das etapas da inclusão da pessoa com deficiência na empresa. A permanência no cargo requer outras medidas também importantes. Não excluir as pessoas com deficiência do convívio com o restante da empresa e não isolá-las em setores criados para portadores de deficiência são medidas fundamentais para que ocorra um real processo de inclusão. Outro ponto importante é ter em mente que ajustes serão necessários durante a implementação do programa, pois novas questões podem surgir, de complexidade variável.
Como qualquer outro funcionário, o desempenho do profissional portador de deficiência deve ser avaliado dentro de critérios previamente estabelecidos e acordados entre empregado e empregador. Essa avaliação deve levar em conta a limitação que a deficiência pode causar em sua produtividade. Os critérios também devem ser entendidos pelos colegas de trabalho, para que todos possam compartilhar uma experiência que agregue valor, enriqueça as relações humanas no ambiente de trabalho e desenvolva o potencial dos colaboradores da empresa.
Concentrar as pessoas com determinada deficiência em um único setor, sem que elas tenham possibilidade de evoluir, de ser promovidas ou de ter outras funções e contato com os demais funcionários da empresa pode institucionalizar uma segregação indesejável no ambiente de trabalho. Para um portador de deficiência auditiva, por exemplo, não se deve restringir suas possibilidades de trabalho a lugares barulhentos. Na verdade, esses locais podem até ser contra-indicados, se puderem levar à perda do resíduo auditivo da pessoa.
Evitar a segregação

Prevenir fatores de risco

Uma empresa socialmente responsável deve estar atenta para detectar e prevenir situações de risco. Os acidentes de trabalho, assim como a existência de condições inadequadas para a saúde, podem levar muitos trabalhadores a adquirirem deficiências. Ter uma política de prevenção de acidentes é indispensável.
Por outro lado, a segurança de pessoas com deficiência requer alguns
cuidados. A brigada de incêndio deve receber treinamento adequado para assegurar socorro às pessoas com deficiência. Divulgar informações em publicações internas sobre síndromes e patologias, ter canais abertos para esclarecimentos de dúvidas, colocar à disposição informações médicas e exames preventivos são medidas que devem estar ao alcance de todos os funcionários.
Outra prática que deve ser incorporada é o procedimento com pessoas que adquiriram deficiência quando estavam empregados. Ter uma postura socialmente responsável significa reter esses profissionais, pois sua experiência na empresa é um patrimônio valioso, fruto de investimentos feitos por ambas as partes. Novamente, reter não significa isolar nem “encostar” essas pessoas em funções improdutivas. É necessário desenvolver uma política de adaptação desses profissionais, fornecendo apoio médico, psicológico e técnico para que possam desenvolver atividades compatíveis com a nova situação.

Apoiar funcionários

A política de benefícios da empresa pode conceder reembolsos de despesas para funcionários que tenham filhos ou dependentes com deficiência. Esses funcionários também serão beneficiados se a empresa facilitar o acesso a informações qualificadas sobre educação e cuidados específicos. Outra experiência interessante e da qual existem diversos exemplos bem-sucedidos são as associações voltadas para o atendimento de pessoas com deficiência, formadas por funcionários e que nascem co-patrocinadas pelas empresas.

Comunicação inclusiva

Na comunicação interna é importante assegurar que regulamentos, programas e informações sobre remuneração e carreira estejam disponíveis aos empregados portadores de deficiência, em meios que sejam acessíveis a eles.
Nas campanhas e peças publicitárias voltadas para a divulgação de produtos da empresa ou para a valorização de sua imagem institucional é importante incluir pessoas com deficiência, sempre que essa for uma solução natural e adequada aos objetivos da comunicação.



sábado, 29 de outubro de 2011

Tema igual, aula diferente

Foto: Marcelo Min




TUBO DE ENSAIO Benjamin participa da prática no laboratório e, na hora da teoria, assiste a vídeos na internet. Fotos: Marcelo 




Equipamentos necessários instalados, sala de recursos pronta, professor-assistente a postos, estudantes com diferentes desempenhos nas diversas disciplinas. A inclusão está garantida? Não. Independentemente de possuir ferramentas tecnológicas, espaço e estratégias adequados, em alguns casos é preciso adaptar principalmente a essência do que se vai buscar na escola: o conteúdo. O educador tem de ref letir com antecedência sobre o tema da aula e as possíveis flexibilizações para permitir que todos aprendam. As exigências na avaliação devem ser tão diversificadas quanto a própria turma. 


"É preciso abrir o leque de opções e ferramentas de ensino", diz Maria Teresa Eglér Mantoan, da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no interior de São Paulo. Ela enfatiza que incluir não significa diferenciar uma atividade para os que têm deficiência, mas aceitar e autorizar que cada um percorra seu caminho para resolver um problema, o que significa pensar em alternativas para quem tem dificuldade de percorrer a via tradicional.


Os que possuem deficiência intelectual percebem quando recebem tratamento semelhante aos demais e se esforçam para acompanhá-los. Na Nova Escola Judaica Bialik Renascença, em São Paulo, Benjamin Saidon, 15 anos, um adolescente com síndrome de Down, tem a mesma rotina de aulas teóricas e práticas dos colegas do 9º ano. A professora-assistente, Roseléia Blecher, no entanto, percebe que ele entende melhor quando são oferecidas situações concretas (e pior quando em contato com fórmulas abstratas). "Ele precisa visualizar", diz ela. 


Com essa informação em mente, Roseléia antecipa as diversas aulas que serão ministradas para a sala e pensa em como substituir pontos em que Ben, como ele é chamado, tem baixo aproveitamento por atividades que despertem mais interesse. 



Uma dessas substituições ocorreu na aula sobre Termologia e Dilatação Térmica, ministrada por Arnaldo Ribeiro Alves, que leciona Física. Depois de explicar o conteúdo, ele usou um termômetro rudimentar, feito no laboratório da escola, para mostrar como o álcool se comporta ao ser aquecido e resfriado. Durante a aula prática, em que os adolescentes em grupos comparavam a altura do líquido em temperatura ambiente, mergulhado em um recipiente com gelo e em outro com água quente, Ben era um dos mais participativos. 



Foi ele quem fez as marcas no tubo e, a seu modo, respondeu o que estava acontecendo com o álcool. "Aumenta no quente e diminui no gelado", concluiu. "Gosto de sentar com o Ben porque, enquanto pergunto se ele entendeu, eu mesma vejo se aprendi direito", diz a colega Tamara Aimi, 14 anos. "Quando ele sabe, fala de uma maneira tão simples que faz a matéria parecer mais fácil." 



Em seguida, o professor Alves pediu que a garotada medisse com uma régua as marcas feitas nos termômetros em escala arbitrária e as comparasse com a escala Celsius. "Disse a quantos graus Celsius estava a água quente, e o gelo eles sabem que é zero. O desafio era encontrar uma fórmula para a temperatura ambiente", explica. Para que Ben acompanhasse também essa etapa, Roseléia o levou ao computador e mostrou na internet outras experiências de dilatação. "Fizemos a relação do que ele via nos vídeos com o que aprendeu e mostramos como aquilo se aplica em várias situações", conta. 



Na avaliação, o jovem fez uma prova escrita como os demais, mas a dele pedia apenas a identificação de conceitos básicos, sem exigir contas, e permitia consulta às anotações. Para a psicopedagoga Daniela Alonso, especialista em inclusão e selecionadora do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10, a verificação do aprendizado está correta. "Permitir a consulta valoriza o aprendizado e não só a memorização", explica a consultora. Alves ficou satisfeito com o resultado. "Perceber que ele entendeu um conceito como dilatação é encorajador." 



Em outras palavras 



Encorajador também é o caderno cheio de palavras da pequena Rafaela Gomes Bezerra, que tem síndrome de Down. Aos 7 anos, ela frequenta o 1º ano no Colégio Sagrado Coração de Jesus, também em São Paulo, e está em avançado processo de alfabetização. "Ela faz questão de fazer o mesmo que os colegas e me surpreende com seu progresso", conta a professora Camila Skalla de Lacerda, sem esconder que as dificuldades são maiores. "Pegamos o que é mais significativo em cada atividade e insistimos naquilo com calma. Baseado no que a Rafaela dá conta de fazer, reforçamos e estimulamos a atuação dela." 


Quando trabalha contos de fada, como Cinderela, Camila procura atrair o interesse de toda a sala. Mostra o livro, fala sobre o autor, comenta as ilustrações e, finalmente, lê em voz alta. Depois da leitura, costuma fazer perguntas sobre os trechos de que os alunos mais gostaram e estimula comentários entre eles. Algumas vezes, as atividades incluem preencher uma ficha com o nome dos personagens de que se lembram. Rafaela escuta com o mesmo encantamento dos colegas, mas precisa de ajuda adicional. "Faço perguntas mais diretas para ela, como: quem está na história? Como é o nome da dona do sapatinho? Ela acaba conseguindo responder", conta Camila. No momento da escrita, são necessários mais tempo e repetições. "Ela escuta a própria voz, percebe que o som é de determinada letra e começa a registrar, mas muitas vezes se perde. Então, recomeçamos e, no fim, lemos de novo. É um processo lento", afirma a professora. Daniela Alonso mostra que a flexibilização de conteúdo não vem sozinha. "Algumas vezes, o estudante com síndrome de Down demanda a eliminação de alguns objetivos e requer mais tempo. Não só para fazer a atividade mas também para alcançar a aprendizagem." Para dar mais desse precioso tempo a Rafaela, sua mãe, Marisa Rogel Gomes Bezerra, concordou em deixar a filha refazer o 1º ano na escola. "Nós não temos pressa. Queremos vê-la alcançar os resultados, não importa quanto demore", diz. Os especialistas entendem que repetir uma série pode ser favorável, mas não a ponto de causar diferenças muito grandes de idade. A escola pode organizar o currículo e a progressão para atender às necessidades educacionais especiais. "Não vamos deixar que isso aconteça sempre, mas naquele momento valorizamos mais o proveito que ela tiraria dessa segunda chance. Acredito que acertamos", afirma Marisa. A oportunidade de refazer uma série tão importante, em que se dá a alfabetização, pode ser considerada pela escola e pela família. Muitas crianças têm a chance de aproveitar melhor a escolarização, especialmente nos casos de deficiência intelectual, pois, em muitos casos, precisam de mais tempo para se desenvolver. A decisão de reter o aluno, no entanto, deve se basear em avaliações conjuntas dos especialistas, da família e da escola. Para aprender decimais
Foto: Marcelo Min
AULA NA CANTINA Elaine usa situações práticas para ensinar números decimais a Rafaella

Na Escola Projeto Vida, em São Paulo, a memória comprometida da aluna Rafaella Bisetto Nazullo, 12 anos, e a necessidade de resolver problemas em situações mais contextualizadas para compreender estimulam a criatividade da professora de 
Matemática Elaine Peres Ávila. Com microcefalia e ainda sem um diagnóstico preciso de deficiência intelectual, Rafaella cursa o 5º ano, sabe ler e escreve com dificuldade. No trabalho com os números, ela usa uma calculadora, mas o processo de compreensão exige atividades que despertem seu interesse. 


Para ensinar decimais, Elaine usou anúncios de supermercado contendo as fotos dos produtos. "Procuro tirar os problemas de panf letos verdadeiros. Na sala dela, uso também propagandas de lojas de brinquedos", conta a educadora. Segundo ela, a diversificação agrada à turma toda. 



A garotada generaliza, trabalhando o conceito de número decimal e sua aplicação em diferentes contextos, enquanto a menina, por enquanto, se concentra apenas no sistema monetário. "Às vezes, Rafaella acha que os colegas estão fazendo uma tarefa diferente e não gosta, mas, quando percebe que o caderno deles também está cheio de números com vírgulas, volta a se concentrar", diz. Estratégia comum na escola é a visita à cantina, onde a garota é estimulada a pensar em possíveis compras com uma determinada quantia em dinheiro. "Mostro que vários preços possuem vírgulas, ela tenta fazer as contas e, devagar, começa a entender." 



Aulas assim surtiram um resultado que, não raro, surpreende a mãe da menina, Antonieta Helena Vieira Bisetto Nazullo. Ela conta que chegou a perguntar se a filha não deveria ter aulas só de Língua Portuguesa e Matemática para conseguir escrever e fazer contas. "Muitos médicos disseram que nem isso ela aprenderia. Por isso, eu buscava uma meta mais realista, sempre pensando em dar a ela alguma autonomia." Hoje, Helena comemora o fato de os professores terem negado seu pedido, o que proporcionou a Rafaella a chance de aprender também conhecimentos de História, Geografia, Arte e Ciências. "Outro dia, escutamos uma discussão sobre meio ambiente na TV e ela falou: aprendi isso na escola." 



Quando menos é mais

Foto: Marcelo Min
LIÇÕES NO QUADRO As anotações de Caio são usadas pela professora para corrigir a ortografia e reforçar a alfabetização

Participar das mesmas atividades do restante da classe também é a filosofia adotada pela EMEF Olavo Pezzotti, em São Paulo, que faz apenas pequenas adequações para a inclusão de Caio Camargo Antonio, 13 anos, que tem síndrome de Down e está na 5ª série. "Pedimos que ele copie a lição do quadro-negro, como todo mundo. Depois, vamos até a carteira e vemos quanto ele conseguiu e o que consegue extrair daquilo", conta a professora de Língua Portuguesa Marisa Toledo. As palavras copiadas são usadas para correção de ortografia e reforços na alfabetização. 


"No fim, as atividades dele são sempre diferentes das dos colegas, mas tentamos nos basear em algo que a sala toda esteja fazendo", afirma a professora. Nos primeiros dias de aula, por exemplo, enquanto as outras crianças se apresentavam, Caio copiou o nome de cada aluno na primeira página do caderno. Hoje, de todo o material que possui, a lista da turma é o que consegue ler com mais fluência. "Este é meu amigo. Esta mudou de escola", vai comentando depois da leitura lenta e concentrada. 



Segundo Marisa, os próprios estudantes ajudam na flexibilização. "Às vezes, um vê o Caio fazendo algo errado e corrige, tentando ensiná-lo e fazendo com ele", conta. Segundo ela, a participação de outros colegas nas atividades costuma dar bons resultados. "Acho que esse é o maior ganho de todos. A convivência ensina muito."



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CONTATOS 
Colégio Sagrado Coração de Jesus, R. Caraíbas, 882, 05020-000, São Paulo, SP, tel. (11) 3202-8500 EMEF Olavo Pezzotti, R. Fradique Coutinho, 2.200, 05416-970, São Paulo, SP, tel. (11) 3032-9908 Escola Projeto Vida, R. Valdemar Martins, 148, 02535-000, São Paulo, SP, tel. (11) 2236-1425 Nova Escola Judaica Bialik Renascença, R. São Vicente de Paulo, 659, 01229-010, São Paulo, SP, tel. (11) 3824-0788